Esta, devo-vos dizer que até a mim me espantou e por isso vou postá-la aqui.
É talvez a receita mais simples que alguma vez se inventou e penso que todos devem saber fazê-la.
A Açorda Alentejana é o símbolo mais conhecido e talvez mais perfeito da cozinha alentejana – simples e criativa como nenhuma outra. “Do pouco que tem faz o alentejano prodígios, contribuindo com alta inventiva culinária na confecção de verdadeiros pratos típicos" escreve Manuel Mendes no seu “Roteiro Sentimental – A Sul do Tejo”
E porque me espantou?
Porque esta receita vem no livro “Receitas Afrodisíacas & Desenhos eróticos” de Afonso Praça & Francisco Simões.
Daí que a questão que se levante seja: a açorda alentejana afrodisíaca?
A resposta será retirada como citação desse mesmo “manual” e será aqui transcrita na integra.
“As circunstâncias que podem rodear a sua confecção, e sobretudo os seus ingredientes, levam a responder afirmativamente: é afrodisíaca, sim senhor, e muito.
Mas nada disto é de estranhar, se se disser que tanto os coentros como os poejos são conhecidos desde a antiguidade como afrodisíacos. A notícia mais antiga do uso do coentro (Coriandrum sativum) tem mais de cinco mil anos e vem da china. É plata muito aromática. O seu nome vem do grego Koris (percevejo), em nítida alusão ao cheiro das suas folhas quando frescas.
Sabe-se que os Egípcios já conheciam a planta: em muitas sepulturas do Antigo Egipto foram encontradas sementes de coentros. E tanto os Gregos como os Romanos utilizavam-na em receitas de culinária, na preparação de bebidas e também em medicamentos, juntamente com o alho. Foram os romanos que divulgaram na Europa o coentro, que na Idade Média já era muito conhecido na Grã-Bretanha e na França. Os franceses utilizavam as suas sementes em bebidas à base de vinho, doces, sopas e carnes, e sobretudo na preparação de licores.
As folhas do coentro são muito semelhantes às da salsa, embora mais escuras, mais grossas e mais recortadas. São estas folhas que a cozinha regional portuguesa utiliza, nomeadamente na açorda alentejana e para temperar saladas.
Quanto ao poejo (Mentha Pulegium), tem também um cheiro intenso (ainda mais do que o coentro), a fazer lembrar o da hortelã-pimenta. O poejo é, aliás, uma das espécies de menta. Todas elas apresentam um sabor forte, e a mais conhecida é a hortelã (Mentha viridis), muito frequente nas cozinhas portuguesas. O mesmo acontece com a Mentha piperita (hortelã-pimenta), da qual se extrai o mentol.
E a propósito de poejos e coentros, outra erva largamente afrodisíaca é a segurelha (Satureia hortensis), também já conhecida no Antigo Egipto. Virgílio recomendou-a aos seus contemporâneos, e Ovídio faz-lhe referência na “Arte de Amar”. Há filósofos que dizem que a palavra “sátiro” vem de “satureia”. A questão está fora do âmbito desta prosa, mas sempre se adianta que, pelo menos parece pertencer ao mesmo campo semântico”
Acho que vou deixar as tuas receitas para mais tarde! Confesso que para cozinhar é preciso estar de muito bom humor!!!
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