quarta-feira, maio 10, 2006

Carta a um Pai anónimo

Olá, pai

Estou a escrever-te para te dizer o quanto te amo.

Não sei se ainda te reconheceria, nem se te lembras bem de mim. Tenho crescido e aprendido coisas novas.
Apesar do tempo, acho que ainda deves ter aquele teu ar bonitão e alegre.
Não sei há quanto tempo foi, mas recordo os momentos em que juntos passeávamos pela praia e brincávamos ... eu, tu e a mamã!
Éramos uma família feliz!
Ainda recordo, com carinho, quando tu e a mamã me ensinaram a letra do meu nome ... aquele que vocês dois escolheram para mim.
Hoje não sei se sinto a alegria dos outros tempos. A mamã continua a ser a minha melhor amiga, e quando vamos para o meu quarto brincar, fico sempre à espera que tu também venhas; vou olhando a porta, a ver quando tu vais aparecer ...
Mas chega a noite e eu tenho de ir dormir, e não chego a ver-te.
Bem sei que tens muito que fazer, mas eu sinto como que um “buraco” na nossa família.
A mamã, com muito carinho, esforça-se para que eu não dê por tal e tenta compensar-me a falta que tu me fazes, mas este “buraco” existirá sempre, esperando para quando quiseres ocupá-lo.
Hoje perguntaram-me por ti, sabes o que respondi?
foi fazer umas coisitas, mas volta já, porque ele prometeu brincar comigo!

e agora, enquanto espero que tu chegues, escrevo para te dizer que gosto muito de ti e para dizer “Boa Noite, Papá!”, pois já é muito tarde e eu tenho de ir dormir.
Eu sei que se tu tivesses podido vir brincar comigo, não hesitarias, mas agora tenho de ir dormir e sonhar que tu estás aqui comigo e a mamã. E sei que vais brincar comigo e correr a meu lado, sei que vais estar sempre onde e quando eu precisar.
É para isso que servem os papás, e tu és o meu.
E sabes?
Quando eu acordar, tu vais estar aqui, juntinho a mim e eu vou abraçar-te e beijar.

Boa Noite, Papá!

5 comentários:

Ana P. disse...

Li os teus 2 ultimos post. Acerca dos livros temos a mesma opinião.

Mas resolvi comentar este, pois tocou-me imenso.

Fez-me voltar á minha infância e á falta que os meus pais me fizeram. também eu dizia que amanhã eles voltariam. Efectivamente a minha mãe voltou a ser minha mãe lá prós meus 15 anos, altura em que fui viver com ela, (historia longa, esta), quanto ao meu pai, ainda hoje espero...

Beijinhos

Anónimo disse...

É sempre complicado passar por situações assim. Esta é uma história, que escrevi há uns anos, apesar de tudo o seu conteudo tem fundamento real. Felizmente as coisas compuseram-se e o bébé em questão não teve de esperar tanto tempo. O que mais me custa é que sejam tantos os casos, muitas vezes até quando parece que temos e damos tempo a eles alguma coisa falta.

Anónimo disse...

O meu pai foi também, em tempos, a figura que eu esperava ansiosamente ao final de cada dia, mas que se demorava demais... O seu amor, sei que não esmorecia, mas a distância privou-nos de muitas brincadeiras, muitas gargalhadas e muito afecto. Ontem beijei-o ao vê-lo comovido pelo passar dos anos, talvez pelas escolhas erradas. Beijei o meu pai e descobri aquele lado de menina que precisa de colo.
Amo-te pai.
Parabéns pelo texto tocante.
Obrigada pelo comentário no meu blog.
Força! Voltarei.

Anónimo disse...

Excellent, love it! » »

Anónimo disse...

That's a great story. Waiting for more. » » »