terça-feira, março 14, 2006

Mais Receitas


Esta, devo-vos dizer que até a mim me espantou e por isso vou postá-la aqui.
É talvez a receita mais simples que alguma vez se inventou e penso que todos devem saber fazê-la.
A Açorda Alentejana é o símbolo mais conhecido e talvez mais perfeito da cozinha alentejana – simples e criativa como nenhuma outra. “Do pouco que tem faz o alentejano prodígios, contribuindo com alta inventiva culinária na confecção de verdadeiros pratos típicos" escreve Manuel Mendes no seu “Roteiro Sentimental – A Sul do Tejo
E porque me espantou?
Porque esta receita vem no livro “Receitas Afrodisíacas & Desenhos eróticos” de Afonso Praça & Francisco Simões.
Daí que a questão que se levante seja: a açorda alentejana afrodisíaca?
A resposta será retirada como citação desse mesmo “manual” e será aqui transcrita na integra.
As circunstâncias que podem rodear a sua confecção, e sobretudo os seus ingredientes, levam a responder afirmativamente: é afrodisíaca, sim senhor, e muito.
Mas nada disto é de estranhar, se se disser que tanto os coentros como os poejos são conhecidos desde a antiguidade como afrodisíacos. A notícia mais antiga do uso do coentro (
Coriandrum sativum) tem mais de cinco mil anos e vem da china. É plata muito aromática. O seu nome vem do grego Koris (percevejo), em nítida alusão ao cheiro das suas folhas quando frescas.
Sabe-se que os Egípcios já conheciam a planta: em muitas sepulturas do Antigo Egipto foram encontradas sementes de coentros. E tanto os Gregos como os Romanos utilizavam-na em receitas de culinária, na preparação de bebidas e também em medicamentos, juntamente com o alho. Foram os romanos que divulgaram na Europa o coentro, que na Idade Média já era muito conhecido na Grã-Bretanha e na França. Os franceses utilizavam as suas sementes em bebidas à base de vinho, doces, sopas e carnes, e sobretudo na preparação de licores.
As folhas do coentro são muito semelhantes às da salsa, embora mais escuras, mais grossas e mais recortadas. São estas folhas que a cozinha regional portuguesa utiliza, nomeadamente na açorda alentejana e para temperar saladas.
Quanto ao poejo (
Mentha Pulegium), tem também um cheiro intenso (ainda mais do que o coentro), a fazer lembrar o da hortelã-pimenta. O poejo é, aliás, uma das espécies de menta. Todas elas apresentam um sabor forte, e a mais conhecida é a hortelã (Mentha viridis), muito frequente nas cozinhas portuguesas. O mesmo acontece com a Mentha piperita (hortelã-pimenta), da qual se extrai o mentol.
E a propósito de poejos e coentros, outra erva largamente afrodisíaca é a segurelha (
Satureia hortensis), também já conhecida no Antigo Egipto. Virgílio recomendou-a aos seus contemporâneos, e Ovídio faz-lhe referência na “Arte de Amar”. Há filósofos que dizem que a palavra “sátiro” vem de “satureia”. A questão está fora do âmbito desta prosa, mas sempre se adianta que, pelo menos parece pertencer ao mesmo campo semântico

1 comentário:

Ana disse...

Acho que vou deixar as tuas receitas para mais tarde! Confesso que para cozinhar é preciso estar de muito bom humor!!!